terça-feira, 26 de fevereiro de 2008


CURSO – LICENCIATURA EM LETRAS
DISCIPLINA – ESTUDOS DA LITERATURA BRASILEIRA
SEMESTRE – 3º
TUTORA – MARIA DAS GRAÇAS SANTOS
ETAPA - III
ACADÊMICOS - Judite Pereira, Lorena Leão, Luciene Costa, Maria Ivone, Maria Luiza, Silvana Damasceno, Uilza Carla.

Cordel

Leitores prestem atenção.
Nada é mais belo na vida
Nesse Brasil cultural
Tem coisas bem divertidas
As escolas literárias
São belas lições de vida

Documentando o Brasil
Tem a carta de Caminha
Passando pelo Barroco
Do Arcadismo à próxima a linha
O Romantismo brasileiro
Cultural igual ninguém tinha

O romantismo brasileiro
Fato esplêndido e nacional
São gerações de escritores
Com estilo cultural
Obras distintas e bem ornadas
Bom requinte tradicional

É difícil escolher
Na escola romântica
Dos escritores brasileiros
Aquele que mais nos encanta
São todos de muito prestígio
Que às vezes até nos espanta

Gonçalves de Magalhães
Homem de bom coração
Com a característica romântica
“Liberdade de criação”
Construiu estrofes e cânticos
Sem destruir a inspiração

Para o sentimentalismo
Tem Casimiro de Abreu
Com versos emocionantes
Falando do que aconteceu
Da aurora de sua vida
De tudo que ele viveu

Para descrever o amor
Valor supremo da vida
Gonçalves Dias se apresenta
Mostrando a loucura suicida
Que esse sentimento sublime
A todos, não dá guarida


O Nacionalismo romântico
Expressa a terra natal
A beleza do Brasil
Cultura descomunal
Onde a canção do exílio
Foi marco inicial

Já no Ultra-Romantismo
O mal-do-século é de dar medo
Com esta característica
Vem o Álvaro de Azevedo
Misturando fantasias, sonhos,
Devoção e segredos

Em se tratando de cultura
O Castro Alves é exemplar
O bom baiano animado
Do negro quis exaltar
A cultura afro-baiana
Faz todos se emocionar

Denuncia a problemática
Em caráter social
A escravidão no Brasil
Foi um tormento infernal
O pobre negro africano
Tratado como animal

Navio negreiro denuncia
A injustiça e todo mal
Que os africanos sofriam
Como um ser irracional
Cenas dramáticas havia
Naquele transporte ilegal

O saudoso Castro Alves
Ganhou um título ideal
Do Poeta dos Escravos
Nunca se viu coisa igual
Autor do Navio Negreiro
Poema bem nacional


O poeta dos escravos
Vamos homenagear
Reescrevendo a sua obra
Vamos modificar
Algumas idéias apenas
Sem sua origem mudar


V parte de Navio Negreiro - Castro Alves




Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! Noites! Tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!


Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,

Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...


São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.


Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus...
...Adeus, ó choça do monte,
...Adeus, palmeiras da fonte!...
...Adeus, amores... adeus!...


Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! Quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.


Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...


Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente —
Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...


CASTRO ALVES

Comentário sobre a produção do FANFIC

Embora tenha tido ampla vertente lírica dentro do Romantismo, ressaltamos de Castro Alves apenas as suas características do espírito reformista, sua fé e sua liberdade criadora, tão presentes na coletânea Os Escravos (1883), que reúne, além de O Navio Negreiro e Vozes d’África, outros poemas abolicionistas
O Brasil, na segunda metade do século XIX conviveu com o tráfico de escravos, embora tenha sido proibido pela Lei Eusébio de Queirós de 1850, mas ainda havia resistência política da elite agrária escravocrata para emperrar o processo da Abolição, que só chegou em 1888. No pensamento abolicionista surge a poesia grandiloqüente de Castro Alves, como arma poderosa na defesa dos ideais libertários. Mas, ainda ouvimos ou lemos notícia de trabalho escravo até hoje no Brasil. Sabemos bem que o homem sempre quis eliminar a tirania ou o despotismo, desde que ele seja o senhor da situação, mas este mesmo homem ainda não se conscientizou de que todos são iguais independentes de raça, sexo ou posição social. O poema Navio Negreiro apresenta na primeira parte: Tragédia no Mar, a beleza da natureza.
Porém, ao cotejar esta parte com a quinta, descobrimos nesta comparação uma oposição entre a paisagem que nos é descrita e com os absurdos apresentados na quinta parte, que é o mar poluído pelo crime. Este novo momento é que nos inspirou a realizar uma espécie de crítica na produção do fanfic, sobre a situação do negro no Brasil, desde o descobrimento até os nossos dias. Castro Alves invoca a maior entidade do universo, o nome da África não é mencionado, mas sempre a identificamos nos guerreiros ousados, tigres mosqueados, homens simples, fortes, bravos... e cá, no Brasil, hoje míseros escravos, ainda que sem correntes.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


FANFIC
NAVE DE GUERREIRO
“Senhor Deus dos amparados"
“Dizei-me vós Senhor Deus!”
Se é fantasia ou se é vaidade
Tanto amor dos irmãos meus

Ó homens! Quanta bondade
São invasores sem maldade
Homens de bom coração
Pois todos eles apagam
Com pingos tristes de lágrimas
As marcas da solidão!
Homens bons, quanta lealdade!
Exemplo de humanidade,
Varreu do Brasil a escravidão.


Quem são esses homens amados?
Que não encontram em nós,
Nenhum sinal de maldade!
Mas que lutam sempre por vós
Que excita o amor de todos:
Brancos, negros ou crioulos
Não aceita a fúria do algoz
Perante a noite confusa
Dize-o tu, amável musa,
Que tudo é beleza e paz!
São os filhos da bondade
Onde a terra esposa a luz
Tudo voa em campo aberto
Lagos de águas azuis...
Nossos guerreiros amados,
Que com carinho e animados
Combatem a escravidão...
São valores dessa terra
Transformam a primavera
Com carinho e emoção.



São mulheres adoradas
Como a mãe de Deus foi também,
Que cercadas de carinho,
Sorrindo e contentes vêm..

Trazendo paz e esperança.
Seus filhos, belas crianças,
N`alma, suspiros de amor,
Jamais serão desprezadas,
Vivendo sempre animadas,
E desconhecem a dor.





“Lá nas areias infindas”,
Das praias desse país
“Nasceram – crianças lindas,
Viveram moças gentis...”
Sempre felizes e contentes,
Admiradas com essa gente,
Que só quer vê-las felizes,
É grande a fidelidade,
Desses homens sem maldade,
A natureza é quem diz.



Ungidos de amor ardente...
Carícia, ternura e xodó,
“Depois no horizonte imenso”
É uma alegria só,
De festa, grandeza e paz,
Nesse país onde jamais,
Vaga lugar para a dor,
Todo mal ficou para trás,
A igualdade aqui se faz.
Isso, o Brasil conquistou.

Ontem muita tristeza,
Hoje alegria total,
Muita paz e beleza,
Neste país cultural,
Terra santa e sagrada,
Não há coisa mais amada,
Do que o país do carnaval,
É só carinho que se sente,
Pelo país e por sua gente,
De cultura sem igual.


Ontem plena liberdade,
“À vontade por poder...”
Hoje... Só felicidade,
Povo livre para viver,
“Prende-os a mesma corrente”,
Felicidade, se sente _
Cultura, riqueza e prazer,
Sem se importar com etnia,
Sem culpa ou demagogia,
Nosso país vai crescer.



Senhor Deus dos amparados
“Dizei-me vós Senhor Deus!”
Se é fantasia ou se é vaidade
Tanto amor dos irmãos meus
Ó quanto carinho e bondade!
Dos invasores sem maldade
Homens de bom coração
Cheios de alegria apagam
Com pingos límpidos de lágrimas
As marcas da escravidão!
E Castro Alves como herói,
Mostrou para todos nós,
Que o negro é nosso irmão.

Referências Bibliográficas:
CEREJA. William Roberto & MAGALHÃES. Tereza Cochar - Português:
Linguagens; Editora Moderna.